Turma - A - Matutino
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“A avaliação como instrumento de investigação e intervenção na aprendizagem escolar”
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INTRODUÇÃO
Estamos vivendo na era da informação, a inserção no mundo do trabalho em qualquer tipo de núcleo social exige o domínio de conhecimentos, antes desnecessário. Hoje é preciso dominar as novas tecnologias da informação e da comunicação, bem como apresentar habilidades e capacidades de tomada de decisão e raciocínio rápido frente às situações imprevistas. Cada vez mais o mercado de trabalho e os processos de socialização exigem os conhecimentos trabalhados na escola.
A escola cumpre o seu papel quando oferece a oportunidade do aluno transformar o seu conhecimento prévio (conhecimento adquiridos ao longo das relações sociais) em saber científico e crítico, que lhe dê a possibilidade de se inserir neste mundo da informação.
Para que a escola possa cumprir bem esse papel precisa pensar no tipo de avaliação que quer desenvolver no seu projeto político pedagógico. E para saber que tipo de avaliação quer desenvolver na escola é preciso conhecer que, segundo [Francis Bacon][1] (1561-1620) conhecer é poder. E, ainda conforme Luckesi (2011, p.149) sem conhecimentos não se chega onde deseja. Para conhecer bem a avaliação devemos investigar para conhecê-la e somente ao conhecê-la poderemos agir. Nesse sentido precisamos compreender a “avaliação da aprendizagem como um ato de investigar a qualidade do seu objeto de estudo e se necessário, intervir no processo de aprendizagem, tendo como suporte o ensino, na perspectiva de construir os resultados desejados.” (LUCKESI, 2011, p.150). Precisamos compreender a avaliação como uma forma séria de investigação e, para isso podemos segundo Luckesi (2011), fazer uma ponte entre os objetos de estudo da ciência e da avaliação que apesar de serem diferentes, uma investiga a realidade e a outra a qualidade das coisas, nos ajudará a compreender e praticar o processo contínuo de avaliação.
Dentre todo esse contexto aparece a Avaliação da Aprendizagem Escolar, que serve de parâmetro para acompanhar se o aluno está ou não apreendendo os conhecimentos trabalhados na escola e, que servirão de base para a sua formação.
A avaliação como instrumento de investigação e intervenção na aprendizagem escolar está presente constantemente no processo de ensino e aprendizagem escolar. Esta avaliação tem a função se servir de base para o professor poder intervir e replanejar as aulas para retomar os conhecimentos que não foi aprendido ou consolidado pelo aluno.
É diante deste cenário que o papel do professor é de fundamental importância, pois caberá a ele a responsabilidade de avaliar de maneira correta e fazer a intervenção pedagógica no momento certo, assim, terá uma melhor efetivação do ensino aprendizagem. Para isso o educador deve refletir sempre sobre a sua prática pedagógica e se questionar se está conseguindo proporcionar boas condições de aprendizagens para todos os seu alunos.
De acordo Hoffmann (2005):
mesmo que o educador trabalhe com muitos alunos, sua relação, no processo avaliativo, estabelecer-se-á de forma diferente com cada um deles. Por meio da ação mediadora, da tomada de decisão, ele estará afetando vidas e influenciando aprendizagens individuais. Da mesma forma, cada aluno irá estabelecer maiores ou menores vínculos intelectuais e afetivos com cada professor, resultando em atitudes e respostas diversas por parte destes.
O professor deve ter um olhar diferente para cada aluno, pois sabendo das especificidades de cada um, o educador poderá contribuir de forma eficiente na construção do conhecimento de todos.
Para Jussara(2005) as mudanças em avaliação ocorrem muitas vezes por imposição por determinações legais a cada novo governo sem uma discussão com orientações confusas e superficiais e ficam assim os professores nesse meio, perdidos, desorientados. Sendo assim essas mudanças não acontecem como é para acontecer, pois não é levado como principal objetivo a aprendizagem dos alunos. Falta assim uma maior discussão sobre o reflexo dessas mudanças nas pessoas envolvidas.
PROCESSO AVALIATIVO NA EDUCAÇÃO
O processo avaliativo na educação é um desafio a ser atingido pelo professor em sala de aula, pela escola e pelos órgãos de educação municipal, estadual e federal. Pois, a avaliação do processo avaliativo está interligado entre si e um depende do outro para funcionar bem e contribuir para a melhoria do ensino oferecido nas escolas brasileiras.
A Secretaria de Educação avalia o trabalho desenvolvido pelas escolas. A escola avalia o trabalho do corpo docente. O professor avalia o seu trabalho e o desenvolvimento dos alunos e alunas nas aulas e nas provas. Os alunos e alunas avaliam seu aprendizado e a atuação do professor, da escola e assim por diante. Todas estas avaliações estão interligadas entre si, por isso a importância do ato de avaliar.
Então, é preciso entender o que significa avaliar e para que a avaliação serve.
Avaliar significa determinar valia ou valor do esforço empreendido. Ao avaliar estamos atribuindo algum tipo de valor a alguma pessoa, situação ou atitude. Todo tipo de avaliação vem a ser uma forma de classificação. Deve-se analisar qual o objeto e o sujeito da avaliação, para, então, saber o que se tem que avaliar, a quem se tem que avaliar, como se deve avaliar, como temos que comunicar os resultados dessa avaliação.
Para Janssen (2003) uma aprendizagem significativa acontece quando a avaliação é vista como um processo de sistematização e interpretação que deve orientar o docente para que o mesmo possa refletir sobre sua prática pedagógica. E para que isso ocorra a avaliação precisa ser constante, diversificada, continua, sistemática e intencional.
De acordo com Luckesi (2011), o ato de avaliar é um ato de investigar. O professor deve ser um gestor preocupado com esse recurso metodológico, pois enquanto a ciência descreve e interpreta a realidade a avaliação estuda a sua qualidade. Por isso, o professor que não tem conhecimento do ato de avaliar como investigação científica não conseguirá ter uma ação pedagógica e resultados sérios e satisfatórios. Ele ainda enfatiza que há dois tipos de avaliação: uma que avalia um objeto já configurado e concluído e outra que avalia o objeto em construção. Teremos então assim, avaliação de certificação e avaliação operacional. Apesar de as duas terem o mesmo principio da avaliação, evidenciam fenômenos e conceitos diferentes entre si.
Avaliação de certificação: se refere à investigação de qualidade, segue procedimentos básicos e tem como objetivo testemunhar sobre a qualidade do objeto estudado. Ex: Inmetro, OAB, ISO, etc. Os interessados submetem-se a uma prova para avaliar a qualidade e desempenho de sua função; no fim, se aprovados, recebem uma certificação de que está apto a exercer aquela função. Neste caso se, durante a investigação o resultado for insatisfatório, a certificação será negada. Este tipo de avaliação configura-se em dois passos: descrever e qualificar a realidade.
Avaliação Operacional (de acompanhamento de uma ação): investiga a qualidade dos resultados levando em conta o foco formativo (processo) e depois, o foco final (produto). Para este tipo de avaliação, Luckesi nos diz que o objeto é assumido no seu processo de construção que se caracteriza no ato de aprender e tem como suporte o ato de ensinar. Este tipo de avaliação se configura em três passos: descrever, qualificar e intervir na realidade, se necessário.
Diante de tudo isso, é importante que o aluno saiba que vai ser avaliado e qual o processo que será utilizado. A avaliação não deve servir como forma de ameaça ou exclusão, deve ser encarada como algo que venha acrescentar, enriquecer os conhecimentos do aluno, a didática do professor e o ensino oferecido na escola."O papel da avaliação é acompanhar a relação ensino e aprendizagem e possibilitar as informações necessárias para manter o diálogo entre as intervenções dos docentes e educandos". (Da Silva, 2003).
Diante disso, avaliar vai muito além de provas, portfólios ou outro qualquer tipo de registro que se faça para medir o desempenho do aluno. O mais importante é encontrar caminhos diferentes para analisar o crescimento desse educando no processo de ensino e aprendizagem.
AVALIAÇÃO COMO PRÁTICA EDUCATIVA
A avaliação como prática educativa deve ser entendida como um procedimento diagnóstico, envolvendo todo o processo de ensino. O trabalho em sala de aula, se realiza por meio de conhecimentos prévios dos alunos, antes de iniciar o novo conteúdo a ser abordado. Estes conhecimentos possibilitarão ao professor planejar sua prática pedagógica, de acordo com a realidade dos alunos da sua turma.
A avaliação como prática educativa serve para sistematizar os princípios teóricos que alicerçam a avaliação.
A avaliação, segundo Luckesi (2011) é sempre dinâmica e construtiva e seu objetivo na prática educativa é dar suporte ao educador para que ele tenha meios de observar e intervir da melhor forma possível de forma que o educando aprenda e que sua ação pedagógica possa ser satisfatória no final do processo. Nesse contexto, a avaliação dá suporte para decisões importantes no ato de aprender, seja para considerar que a aprendizagem foi satisfatória, seja para reorientá-la se algo ficou difuso e sem compreensão. Tudo isso será feito para ter um melhor resultado no foco final.
Ainda,conforme Luckesi (2002), a boa avaliação envolve três passos:
• Saber o nível atual de desempenho do aluno (etapa também conhecida como diagnóstico);
• Comparar essa informação com aquilo que é necessário ensinar no processo educativo (qualificação);
• Tomar as decisões que possibilitem atingir os resultados esperados (planejar atividades, sequências didáticas ou projetos de ensino, com os respectivos instrumentos avaliativos para cada etapa).
A avaliação não pode mais ser um instrumento de seleção e exclusão, pois tanto um como o outro bate de frente com a atual corrente pela inclusão na educação. Para Jussara (2005) há uma preocupação extrema da escola em padronizar ações, em estabelecer regras comuns a todos definindo assim somente critérios quantitativos e não qualitativos, além de objetivos precisos. Muito tem se falado em processo avaliativo, mas ainda é muito difícil enxergar justiça na avaliação, sendo ela ainda instrumento classificatório tradicional.
CONTEXTO ESCOLAR E A AVALIAÇÃO
A avaliação dentro do contexto escolar visa abordar de que forma a avaliação pode ocorrer nos espaços escolares e para isso, é preciso entender cada uma das formas de avaliação que podem ser utilizadas na escola pelos professores.
A avaliação Diagnóstica serve para detectar o que o aluno já sabe, para que a professora possa transmitir conhecimentos novos. Tal avaliação tem como objetivo identificar o nível de conhecimento dos alunos frente às novas propostas de aprendizagem e que as mesmas servirão para diminuir as dificuldades futuras e, em alguns casos, solucionar as dificuldades presentes.
A avaliação qualitativa refere-se à avaliação participante, isto é, aquela que envolve todos os atores da escola no processo avaliativo.
Sendo assim, Demo (1991, p. 47), ressalta: “[...] se qualidade é participação, avaliação qualitativa equivale à avaliação participante”.
Demo (1991), apresenta dois tipos de qualidade: qualidade formal e qualidade política. A primeira é constituída pelos instrumentos e métodos utilizados no processo avaliativo. A segunda trata-se dos conteúdos que são aplicados nesse contexto e as finalidades desse processo avaliativo. Sendo que cada uma dessas qualidades tem sua própria expectativa.
A avaliação formativa é um processo contínuo, pois se realiza durante todo o processo de ensino-aprendizagem. Esse tipo de avaliação não tem como objetivo punir ou premiar o aluno, ela prevê que o aluno possui ritmo e processo diferente de aprendizagem.
A idéia de avaliação formativa leva o professor a observar mais metodicamente os alunos, a compreender melhor seu processo de aprendizagem, de modo a ajustar de maneira mais sistemática e individualizada suas intervenções pedagógicas e as situações didáticas a que se propõe.
A avaliação emancipatória tem o objetivo de descrever, analisar e criticar uma dada realidade visando transformá-la.
este tipo de avaliação tem o interesse em tornar o sujeito um emancipador, ou seja, libertador, visando torná-lo crítico, liberto dos conhecimentos determinantes. Sendo compromissada em fazer com que as pessoas se envolvam em uma ação educacional escrevendo sua própria história e gerando suas próprias ações.
APRENDIZAGEM AUTORIA AVALIAÇÃO
Este item visa analisar o papel da avaliação como instrumento de investigação e intervenção na aprendizagem escolar. e para isso a avaliação deve ser vista como acompanhamento da aprendizagem, deve ser contínua, identificar os avanços e dificuldades de aprendizagem dos alunos. Desta forma, a avaliação passa a contribuir com a função básica, que é promover o acesso ao conhecimento.
A avaliação contínua dos alunos é fundamental também para o processo de ensino e aprendizagem, visto que detecta as dificuldades, re-estrutura o planejamento para melhor atender às necessidades dos alunos, visando a consolidação das habilidade autonomia e autoria.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
É necessário repensar o processo avaliativo como também debater as condições da formação docente, causando assim uma grande reflexão em torno da prática educativa fazendo com que o professor e a professora avaliem sua postura diante do processo avaliativo.
Com isso é importante que o educador tenha uma postura diferente e que auxilie o aluno na construção do seu conhecimento diante das novas exigências da atual sociedade contemporânea. E acima de tudo "é preciso valorizar as diferenças individuais sem perder de vista o contexto interativo. Escola é sinônimo de interação. Só existe escola para que muitas crianças e jovens possam conviver, trocar ideias, reunir-se, brincar, imaginar, sorrir, conviver." (HOFFMANN, 2005).
Pois, é a partir das relações de interação entre professor e aluno, aluno e professor e aluno e aluno, que o conhecimento se constrói e se solidifica.
REFERÊNCIA
LUCKESI, Cipriano Carlos. Avaliação da aprendizagem competente do ato pedagógico. 1 ed. São Paulo: Cortez, 2011.
SILVA, Janssen Felipe da. Práticas avaliativas e aprendizagens significativas: em diferentes áreas do currículo. HOFFMANN, Jussara e ESTEBAN, Maria Tereza. Porto Alegre: Mediação, 2003.
HOFFMANN, Jussara. O jogo do contrário em avaliação. Porto Alegre: Mediação, 2005.