Turma - B - Matutino: A pesquisa como atividade reflexiva e investigativa, a qual proporciona a construção de conhecimento
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Introdução
A proposta de se aprofundar nos conceitos de pesquisa como princípio educativo e científico, exige que entendamos a pesquisa em todos os seus aspectos. Nesse sentido podemos começar analisando a origem do termo pesquisa. No dicionário Priberam [1] da Língua Portuguesa o termo pesquisa tem como definição a indagação, inquirição, busca, procurar com diligência. Assim já começa a nos mostrar que pesquisa sempre está ligado a algo que eu não tenho, ou seja, uma resposta para um questionamento. A pesquisa deve partir de um problema e, após definirmos esse problema, é necessário buscar caminhos para solucioná-lo por meio de estudos serão criadas as perspectivas sobre o tema delimitado. Para isso, primeiramente precisamos tornar o problema concreto e tangente, interrogando-o, pressupondo uma resposta, levantando dúvidas e propondo a superação de obstáculos. Pedro Demo, em suas ideias sobre pesquisa, enfatiza que nela está, intrinsecamente, um questionamento manifestado como um ato rebeldia, pois apresenta como característica o fato de produzir conhecimento pela sua capacidade de destruir a idéia já posta, diferentemente da ideia que as vezes temos que pesquisa serve para preservar, divulgar, transmitir ou proteger aquilo que já foi construído. Esse desfazer deve ser proveniente de um rigor científico para que, ao ser proposto um novo conceito, ele também exija um rigor mais aprofundado que o anterior para ser validado. As ações ligadas a pesquisa levam o pesquisador a questionar muitas das práticas e conceitos já estabelicidos anteriomente, indagações que visam opor-se, desfazer, destruir o que é conhecido. Aquele que pesquisa se sente desafiado pelo novo, pela descoberta de novos argumentos que irão dar autoridade a sua descoberta.
São outros tempos, velhas escolas com alunos novos, com novas exigências, esses educandos possuem a sua disposição novas informações, em um mundo cheio de opções, onde a informação esta a um “clique” de ser alcançado. Reflexo desse fato esta em novas teorias educacionais que foram construídas com a evolução do tempo e a necessidade dos novos alunos em que a construção esta cada vez mais evidente nessa realidade. Para Pedro Demo educar o aluno através da pesquisa também é uma forma de construir o conhecimento, pois choca o aluno com as informações que deve interpretar, entender, criar certas ações através de observações, pesquisas bibliográficas, pesquisas de ações e pesquisas de campo, tornando-o ativo e quebrando certos paradigmas em que nossa educação esta inserida.“A criança é um grande pesquisador.” Ressaltamos então o papel da pesquisa no processo educativo.
No entanto, essa nova forma de aprender, onde é preciso pesquisar para construir o conhecimento é um verdadeiro desafio para os professores educados no método instrucionista onde o professor detém o conhecimento e passa-o para o aluno, sem que seja necessário que o mesmo reflita sobre o assunto. “Dar aula”. Esse é o termo que acomete os profissionais na educação de hoje. Muitos ficam tão encantados com sua aula planejada que acabam por se esquecer do principal objetivo que deveria atingir: a aprendizagem de seus alunos é preciso “parar de pensar que dar aulas é o cerne da profissão” (PERRENOUD, 2000, Apud, DUARTE: 2003: 6). Além do professor, o aluno também apresenta dificuldades de escrever algo de sua autoria,raciocinar para encontrar uma resposta, de pesquisar para construir seu próprio conhecimento e de ser crítico frente a tudo o que vê acontecer ao seu redor. Por isso, cabe ao professor estudar, pesquisar, refletir, criticar, buscar soluções e se preparar para mudar essa realidade. Afinal, ele também precisa ser um pesquisador, pois a primeira condição da docência é a autoria. E não se pode dar aula daquilo que não se produz. Os títulos são importantes, mas não passam de formalidade. A pesquisa para o professor é extremamente importante. Professor que não aprende não faz o aluno aprender.As teorias de aprendizagem são seguidas e utilizadas mesmo que inconscientemente pelos professores que não tem o embasamento teórico para discuti-las. Há professores que são a favor ou contra o que elas pregam. Da mesma forma que cresce o nível de conhecimento humano em todos os sentidos, na sociedade, no avanço das tecnologias, o professor também precisa entender que seu papel não é mais o de mero transmissor de conhecimento. Segundo BECKER “raramente o professor consegue romper o vaivém entre empirismo e apriorismo: se nota que a explicação empirista não convence, lança mão de argumentos aprioristas. E volta, na primeira oportunidade, ao empirismo, se o mesmo acontecer com a explicação apriorista.”.
Educação pela Pesquisa
O processo de educação passou por várias mudanças, principalmente pelo novo perfil do educando.Na atualidade, educar ganhou uma dimensão diferente da que tinha em tempos passados, em outros momentos eram suficientes o giz, o quadro e o livro para garantir um ensino de qualidade, o educador era o detentor da informação e a partir desse instrumento transmitia aos educandos, hoje, o processo educativo ganhou novas dimensões, mais dinâmicas, onde o educando é sujeito ativo, construtor da própria aprendizagem, as informações vão e vem no tempo de um clique e a escola para não ficar alheia ao processo social precisou avançar nas adequações necessárias para que, como parte integrante do processo de construção do ser ela possa estar em sintonia com a velocidade de informações a que o aluno esta exposto em suas relações com a sociedade. A escola é espaço por excelência do aprender e também construir com autonomia Sendo um sujeito que constrói e também é influenciado pelo meio desde a sua gestação. Uma ferramenta que se tornou muito importante para atingir o objetivo da educação, o conhecimento significativo, é a utilização da pesquisa, que pode ser um desafio para professores e alunos. Saber pesquisar e selecionar as informações para, a partir delas e da experiência, construir o conhecimento, tornou-se uma real necessidade da atual sociedade. O desafio hoje é formar cidadãos capazes de procurar conhecimentos e de saber utilizá-los. Diferente de outrora, quando se acreditava que o mais importante no processo educativo era dominar o conhecimento, hoje o primordial é "dominar o desconhecimento", ou seja, estando o aluno perante um problema, em que não tem a resposta pronta, o mesmo deverá saber encontrar as respostas por meio de pesquisa. Para Demo(2009), pesquisa é um questionamento reconstrutivo, sendo:
a)questionamento: sendo a dinâmica mais constitutiva do conhecimento o questionamento, como expressão de sua marca disruptiva, rebelde, produzir conhecimento é principalmente questioná-lo; pesquisa tem como objetivo crucial construir conhecimento, o que leva a realçar sua característica desconstrutiva; menos que afirmar, verificar, confirmar, constatar, conhecer é questionar, significando acima de tudo a vocação de confronto inovador; não havendo resultados definitivos no conhecimento, pesquisar não se propõe, fundamentalmente, a preservar, proteger, transmitir conhecimento, mas a desfazer, tendo em vista que no conhecimento disponível nunca está todo o conhecimento possível, mas aquele até ao momento construído (Demo, 1996);
Todos nós já possuímos um conhecimento construído, o conhecimento prévio, inclusive nossos alunos. No entanto, quando realizamos uma pesquisa, estamos questionando para desconstruir este conhecimento prévio, visto que, conforme afirma Pedro Demo o conhecimento que possuímos nunca está finalizado. Contudo, quando desfaço meu conhecimento é preciso reconstruí-lo e uma pesquisa bem fundamentada possibilita que esse processo aconteça e ocorra uma mudança positiva.
b)reconstrução: pesquisar não se propõe a preservar o conteúdo, transmitir conhecimento, mas a desfazer. O aluno precisa desconstruir o que conhece para reconstruir conhecimento. E não basta "destruir" o saber do aluno, é indispensável oferecer alternativas, instigá-lo a pensar, ler/contraler, elaborar, estudar a fim de desconstruir/reconstruir o conhecimento, nesta ordem.
Princípios Educativos da Pesquisa
O professor sempre acredita no aprendizado de seu aluno e que ele é capaz de sempre aprender, sendo que essa aprendizagem precisa de estrutura prévia que indica a capacidade lógica do aluno em aprender determinado conteúdo. Entretanto repensar e reestruturar a formação de professores baseando na educação pela pesquisa, para atingir a qualidade, devemos superar as aulas caracterizadas pela simples cópia. Isso implica que devemos transformar os licenciados em sujeitos das relações pedagógicas e assumindo assim autores de sua formação por meio da construção de competências de argumentação e crítica, levando o processo de aprendizagem com autonomia e criticidade. Pois a pesquisa significa o reconhecimento do confronto com sua prática, pois quem ensina precisa pesquisar e quem pesquisa precisa ensinar. A pesquisa compreende-se como capacidade de elaboração própria, tendo que a teoria e a prática constituem em uma só.
Quando iniciado o processo de pesquisa devemos ter algumas definições em mente, principalmente em relação ao principio cientifico e principio educativo (Demo 1990), pois o principio cientifico é uma pesquisa voltada à construção do conhecimento em universidades e entidades de pesquisa, e como principio educativo tem caráter pedagógico, formativo. Nos dois princípios a construção do conhecimento deve ser evidente, mas tomar certo cuidado com o que deve se exigir, e cobrando certo rigor metodológico. Demo(2009) afirma que: Em qualquer das duas circunstâncias, trata-se sempre de construir conhecimento, mas em dimensões diferentes, ainda que interligadas. Por certo, pesquisa não pode ser qualquer coisa, exigindo, entre outras qualidades, rigor metodológico (Demo, 1995; 2000). Em ambientes profissionais de pesquisa, este rigor é bem mais acurado, mas não poderia deixar de aparecer igualmente em seu uso formativo. DEMO(2009,p.01).
A pesquisa deve ser um instrumento de trabalho de qualquer pessoa e o professor pesquisador é importantíssimo para a instituição escolar, mas o primeiro passo para que isso ocorra é necessário que o docente seja autor, socializando e motivando novos pesquisadores. Nesse sentido a atitude docente no processo de ensino e aprendizagem é de mediador pedagógico junto com os alunos desenvolvendo um trabalho em equipe onde professor e alunos são agentes ativos e responsáveis nas ações de aprendizagem. Entretanto, o papel do aluno nesse processo de ser autônomo e ser responsabilizar pela busca de informações desconstruindo e reconstruindo o conhecimento, pois pesquisa não é cópia. O aluno tem que pesquisar e elaborar. A pesquisa tem que convercer, sem vencer. (Demo, 2005). Ela constroi autonomia convivente com outras autonomias.
A pesquisa não substitui o processo de ensino aprendizagem, mas é fundamental para que este processo aconteça com sucesso. Somente uma metodologia de ensino enbasada na pesquisa, onde o professor mediador é também pesquisador e assim sendo produtor do seu próprio material de ensino e o aluno incluso nessa metodologia como aquele que indaga, critica, discorda e se rebela contra o conhecimento precviamente estabelecido busca as respostas dos seus questinamentos utilizando a pesquisa.
Com os novos recursos da educação muitas mudanças devem acontecer,o profissional da educação deverá ser mais criativo,experimentador e orientador do processo de aprendizagem,e quanto mais avança, mais se torna importante aprender a trabalhar com a pesquisa.Com a modernidade,surgem estudos que criem situações de aprendizagem cujo foco propõe ao aluno encontrar sentido no que está aprendendo.Há que se delinear uma escola, onde todos as atores do processo: professor-aluno e aluno-aluno, interajam constantemente, privilegiem o diálogo, o questionamento, a crítica, a criatividade, o aprender a ser e o aprender a fazer, propiciando uma formação integral do homem, promovendo uma relação igualitária entre o pensar, o sentir e o fazer. Como já dissemos, a escola e em particular a educação está sofrendo com todo esse avanço tecnológico, daí a necessidade de adequá-la aos interesses de uma sociedade que caminha para uma evolução efêmera, a didática deve se adequar, precisamos fazer da escola um espaço aberto a novos conhecimentos.
Contexto Escolar e a Pesquisa
Quando abordamos a pesquisa no contexto escolar, temos que refletir na formação dos educadores, podemos afirmar que estamos diante de um cenário complexo que apresenta demandas quando nos referimos a formação, se partirmos das definições sobre o saber pedagógico, temos que refletir principalmente nas ações dos alunos no contexto escolar. Nossos alunos são ansiosos pelas descobertas, ávidos pelas novidades, pelo desejo de "aprender a aprender". Fazem parte da geração tecnológica, nativos digitais, não imigrantes digitais e, por este motivo têm um diferencial veloz, qualitativo e quantitativo do conhecimento. Quantos de nós educadores estamos mais defasados, ou pelo menos nos sentimos assim, do que aquele aluno que tem tempo disponível e é capaz de lidar com a mais nova tecnologia da informação e da comunicação? Percebe-se que muitos professores não possuem habilidades ou formação para lidar com os desafios oferecidos pelas novas tecnologias. Isso é um problema grave e ainda sem solução definitiva. Na educação de hoje, nossos professores imigrantes digitais, “falam” uma língua fora de moda (da idade pré-digital), alguns até mesmo recusam participar de formações que os adaptem as novas tecnologias, mas é preciso buscar e perceber como as inovações tecnológicas influenciam o processo de produção do conhecimento e, assim, direcione seus alunos de utilizando-as da maneira mais útil possível. Dessa forma faz-se necessário à busca de novas ações metodológicas no processo de ensino-aprendizagem.Com a proposta do uso da pesquisa na ação pedagógica, estamos motivando nossos alunos à construção de conhecimento, mas sempre analisando certos critérios, planejando com cuidado o que vai se pesquisar, principalmente com o objetivo que a pesquisa deve atingir e principalmente adequar essa pratica à realidade do aluno. As características da pesquisa no contexto escolar devem ser muito bem escolhidas, pois além de uma ferramenta muito útil ela pode se tornar uma prática de tradicionalismo pedagógico, o educador deve planejar levando em conta os critérios citados acima, pois a pesquisa pode se tornar apenas um modelo de “copiar e colar”, e não trazer nenhuma aprendizagem significativa para o autor dessa pesquisa. Não devemos nos esquecer que a aula é consequência da pesquisa e é vitalizada pela pesquisa. Não a precede, muito menos a substitui. Aula boa é aquela que leva a pesquisar, sendo ela mesma produto de pesquisa. Aula só faz sentido se for produto da construção de conhecimento, podendo, assim, conduzir à desconstrução/reconstrução de conhecimento. Demo(2009). Por isso a necessidade de nós professores estarmos sempre pesquisando e aprendendo.
Planejamento e Avaliação
A escola é o ambiente onde se criam estratégias para buscar respostas às questões e hipóteses levantadas no cotidiano do aluno.Onde a ação do sujeito é fundamental.Por isso, é preciso que os alunos se defrontem com situações que os obriguem a confrontar pontos de vistas,rever suas hipóteses,colocar-se diante de novas questões,deparar-se novos elementos de pesquisa. A pesquisa tem um papel importante no desenvolvimento de habilidades para destacar-se no mundo de hoje . Nesse processo é importante proporcionar ao aluno o ato de descobrir com suas próprias ações. Sendo assim, podemos dizer que Quem não pesquisa não aprende, só pode ser professor quem é AUTOR. Com esta afirmação Pedro Demo propõe reflexões que desestabilizam a maneira de agir dos professores. O autor, por meio das pesquisas, diz que o professor além de escolher e utilizar as teorias existentes, conseguirá produzir suas próprias teorias. Da mesma forma que o professor deve buscar a elaboração própria ele deve preparar seus alunos a reconstruir a sua também.
Considerações Finais
Já é hora de deixarmos no passado os métodos ultrapassados de ensino, infelizmente muito utilizados nos dias de hoje por muitos professores instrucionistas e repetidores. É necessário que o educador acredite que somente por meio da pesquisa é possível fazer uma educação de qualidade, onde o aluno seja o protagonista do seu conhecimento, indagando, buscando as respostas, destruindo argumentos, formando novos argumentos e assim se apropriando do conhecimeto de sua autoria.
Aula importante, que desperta o saber, a construção do conhecimento é aquela que faz com que o aluno e professor pesquisem. Aula só faz sentido se for produto da construção de conhecimento, podendo assim, conduzir à desconstrução/reconstrução de mesmo. Educar é formar, neste sentido, a escola precisa tornar-se um lugar do “aprender a conhecer, do aprender a fazer, do aprender a conviver, do aprender a ser”. É na escola que os sujeitos devem aprender a preparar-se para serem atuantes numa sociedade que vem sofrendo mudanças avassaladoras tanto para o bom quanto para o mau caminho. Como então devemos agir? A maneira mais sensata é o professor tornar-se um pesquisador que não se contenta com aquilo que aprendeu em sua formação básica, pois sua maneira de agir certamente influenciará e incentivará os alunos a também buscarem novos conhecimentos e a produzirem conhecimento a partir de sua pesquisa e consequente autoria.
Referências
DEMO, P. 1996, Educar pela pesquisa. Autores Associados, Campinas.
DEMO, P. 2005. Metodologia da investigação na educação. Ibpex, Curitiba.