Turma - A - Matutino: A pesquisa: uma atividade reflexiva e investigativa no processo educativo e formativo de professores e alunos
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TEMA: Pesquisa: uma atividade reflexiva e investigativa no processo educativo e formativo de professores e alunos.
INTRODUÇÃO
O texto a seguir pretende abrir discussão sobre a importância de se utilizar a pesquisa como metodologia para práticas reflexivas e investigativas no processo educativo e formativo de professores e alunos no contexto escolar. Uma definição de metodologia: “é conjunto de métodos ou caminhos que são percorridos na busca de conhecimento” (Andrade 2005). Com relação aos métodos de abordagem, quer sejam eles, dedutivo, indutivo,dialético ou hipotético-dedutivo, se referem ao conjunto de procedimentos os quais são utilizados na investigação dos fenômenos, com finalidade de se imprimir veracidade aos fenômenos pesquisados. Estes, devem se adequar ao tipo de pesquisa proposta. E Nesse campo da pesquisa como condição indispensável para a formação e aprendizado tanto do aluno como também do professor, existe vários autores, e dentre eles, um em especial que é defensor aplicado, o prof. Pedro Demo. No seu intitulado: Professor & Pesquisa - Pesquisa: fundamento docente e discente – que defende a tese de que “Para aprender e para fazer aprender, pesquisa é referência chave, ainda que não panaceia” (Demo 2009). Ele defende o ponto de vista do uso da pesquisa como instrumento pedagógico, na busca da verdade das questões postas e prontas ou não, pois o conhecimento nunca encerra em si mesmo fim da buscar por outros modos e caminhos de descobertas e reconstrução desse e de outros saberes. Veja o que o autor diz “A pesquisa não desfaz esta relatividade, apenas coloca em cena outros argumentos que merecem atenção e debate, em processo reconstrutivo infindável. Tanto quanto é essencial fundamentar o que se diz, não é menos decisivo reconhecer que os fundamentos “não têm fundos” (Demo, 2008), tendo em vista que “fundamentos últimos” de teor inconcusso, indiscutível não fazem parte do jogo aberto da pesquisa. Não se pesquisa para terminar a discussão, mas para fazê-la continuar com argumentos cada vez mais burilados e pertinentes. Nisto vai aparecendo o lado formativo, pedagógico da pesquisa” (Demo 2009).
É natural para os seres humanos explorar o mundo que o cerca. Foi desta forma que nos espalhamos pelo mundo há milênios. Os animais também exploram o ambiente em que vivem, mas não o fazem com a complexidade que os seres humanos fazem. Obviamente, que a mera exploração não nos basta. Queremos compreender o que encontramos além do que nossos olhos mostram. Perceber o mundo além do que vemos, ouvimos, cheiramos e tocamos é pesquisá-lo profundamente e não nos enganar com as aparências. A pesquisa busca semelhanças, singularidades, paralelos e distorções. E nos leva a formular e a refutar hipóteses. Este intrincado processo mental nos fez construir as primeiras ferramentas, caçar animais maiores, desenvolver a agricultura e conceber a escrita, seguramente a mais humana de todas as invenções humanas.
Logo devemos pensar no início de tudo, ou seja, na educação, que dá continuidade na escola, onde haverá uma relação professor-aluno em que haja uma reciprocidade. Para DEMO(2009) a primeira condição da docência é a autoria.E produzir conhecimento com autonomia é o fundamento primeiro do docente, razão pela qual a docência começa na pesquisa. Através da docência construimos, reconstruimos nossas ideias.
Essa razão se justifica pelo objetivo principal da docência, que é a aprendizagem real e eficiente do seu aluno. A pesquisa neste contexto é uma linguagem de ensino muito eficiente, pois, no ato da pesquisa o aluno mobiliza, de forma intencional, muitos conhecimentos que ele já possui para construir outros, muito mais elaborados. Por meio do ato de pesquisar o aluno confronta ideias, as que tem até o momento da pesquisa com as que estão contidas no objeto da pesquisa, e a partir desse confronto se produz uma nova ideia já constituída em conhecimento. Com a pesquisa obtem-se conhecimentos verídicos, científicos. Desta forma, é de suma importância a realização de pesquisas.
Contudo, na educação, a pesquisa nem sempre é contemplada como deveria nos processos didáticos. Porém, tal como em nossos ancestrais mais distantes, ocorre instigada pelo mundo externo, que nos desafia a conhecê-lo. A curiosidade é seu estágio inicial. De modo geral, tudo nos desperta curiosidade (Para que isto serve? Como funciona? Quem fez ou deixou aqui?). Entretanto, algumas coisas nos intrigam tal intensidade que decidimos compreendê-las a fundo. Quando bem sucedida, a curiosidade proporciona pesquisas estimulantes e descobertas reveladoras. Já, quando mal conduzida, interpretada ou acolhida, inibe uma característica natural da humanidade e a deprime, gerando apatia e revolta. A pesquisa é uma forma eficiente de estudo e reflexão. Com ela podemos ir além do que livros didáticos nos oferecem, podemos passar sobre o senso comum e estabelecer uma relação prática entre aprender e ensinar. Fica mais fácil perceber o mundo a nossa volta.
Investigar o processo educativo e formativo de professores e alunos é uma necessidade frente a realidade nas escolas atuais, onde temos cada vez mais alunos críticos e com necessidades de aulas motivadoras que condizem com sua vivencia diária. Para professores temos a urgente necessidade de adequar-se as tecnologias disponíveis na educação, preparando-se para formar em suas aulas o aprendiz autônomo, um real pesquisador em busca do conhecimento. Logo, segundo DEMO(2009)isto exige a desconstrução do professor como é entendido atualmente e a reconstrução do outro perfil.
Nas salas de aula atuais, podemos visualizar em menor escala, casos de pesquisas bem sucedidas onde o professor pesquisador quer sempre mais, busca incessantemente descobrir como o aluno aprende associando a teoria á sua própria prática, questionando e refletindo sobre a mesma. Já a grande maioria, tem um histórico de pesquisa relacionado a sua formação acadêmica de forma desvinculada do próprio trabalho, o que pode até gerar a frustação do pesquisador.
De acordo com Demo (2009) é possível pesquisar outros objetos não menos importantes, como teorias, textos, autores, práticas, desde que ocorra o devido questionamento reconstrutivo. Nesse sentido, a forma como a pesquisa vem sendo abordada na educação mais precisamente, pelo educador,precisa ser repensada, já que a sociedade contemporânea carece de pessoas cada vez mais preparadas para aprender a aprender.
A metodologia da pesquisa no sentido de aprendizagem é uma ferramenta muito eficaz, pois realça, de forma bem contundente, a prática da pedagogia construtivista. Isso acontece devido ao processo de desconstrução e reconstrução do conhecimento, técnica essa proporcionada pela metodologia da pesquisa que de fato aumenta nossa ótica acerca do mundo que vivemos.
Estamos vivendo numa sociedade cada vez mais complexa, e a escola tem como funçãoo principal formar cidadãos capazes de atuar, e a educação pela pesquisa é um dos meios capazes de promover no sujeito diferentes tipos de aprendizados que possam contribuir para o "desenvolvimento da autonomia intelectual, da consciência crítica".(Demo, 2003,p.86).onde o aluno possa desenvolver a sua habilidade de questionar e interver na sua realidade.De modo que eles possam se tornar sujeitos ativos no seu processo de aprendizagem.
A pesquisa pode ser entendida tanto como procedimento de criação do conhecimento, quanto como procedimento de aprendizagem. Ao pesquisar algo estamos buscando respostas sobre o que queremos saber ou nos informar melhor, assim aumentamos nossas possibilidades de conhecer, avançar e reinventar. Termos um leque de oportunidades e informações a nossa disposição, favorece o exercício da lógica e do discernimento, pois temos a obrigação de analisar cada item e categoriza-lo. Com isso deixamos de lado o senso comum e de fato construímos nosso próprio conhecimento.
Nesse sentido, a pesquisa não pode ser considerada um processo individualista, pois nos remete à fontes para que a mesma seja realizada, onde ocorre a necessidades de confrontar as idéias e os dados por ela levantados. Seus resultados devem emergir de situações de conflitos de idéias e previsões de conceitos adquiridos, onde precisamos averiguar seu contexto acerca do objeto pesquisado. Essa condição nos torna reflexivos e ativos no processo, construindo aprendizagem e levantando hipóteses necessárias ao processo de adquirir conhecimento.
A pesquisa como atividade reflexiva e investigativa na construção da aprendizagem é o mergulho na práxis do grupo social em estudo, do qual se extrai as perspectivas latentes, o oculto, o não familiar que sustentam as práticas, sendo as mudanças negociadas e geridas no coletivo. Nessa direção, a pesquisa colaborativa, na maioria das vezes, assumem também o caráter de criticidade. Na construção da aprendizagem considera a voz do sujeito, sua perspectiva, seu sentido, mas não apenas para registro e posterior interpretação do pesquisador: a voz do sujeito fará parte da tessitura da metodologia da investigação. Nesse caso, a metodologia não se faz por meio das etapas de um método, mas se organiza pelas situações relevantes que emergem do processo.
Portanto, quando realizamos uma pesquisa, por mais simples seja, estamos contribuindo para a aquisição da habilidade de argumentação, já que ampliamos por meio desta o nosso conhecimento e de posse dele podemos agir de forma mais crítica e autônoma frente aos desafios da vida. Segundo Demo (2009)"Na argumentação bem feita está a própria demogracia da argumentação".
Educação pela pesquisa
Tendo em vista a pesquisa feita para que o professor tenha uma ação pedagógica diferenciada, utilizando o princípio educativo da ação-reflexão-ação, está relacionado com a teoria e a prática e vem se conscientizando da realidade em que está inserido. O professor deve usar da pesquisa para lidar com as situações problemas que surgem e criam oportunidades para que os envolvidos investiguem e compreendam aquilo que o pesquisador está proporcionando, pois desta maneira o conhecimento será construído e sistematizado.
Para que possamos confirmar alguma opinião ou mesmo comprovar algo que defendemos, é necessário que desenvolvamos algum tipo de pesquisa. E, quem confirma essa opinião é Pedro Demo (2009) que diz o seguinte: “Para aprender e para fazer aprender, pesquisa é referência chave”. Sem pesquisa, não podemos tornar nosso trabalho consistente ou mesmo como uma referência para outros profissionais que apresentam muitas vezes a mesma dúvida que a nossa. Assim, podemos afirmar que um professor só transforma seus alunos em pesquisadores críticos e reflexivos à partir do momento em que o professor também apresente esse perfil de pesquisador, de questionador sobre aquilo que o cerca.
O desafio no entanto é se desfazer do instrucionismo que ha décadas moldou e ainda molda o sistema de ensino. Para tanto se faz necessário a construção do conhecimento próprio, da autoria. Faz-se necessário então, a intenção metodológica da construção e desconstrução do conhecimento contínuo. Para Demo (2009), a elaboração e produção do docente por meio da pesquisa será condição adequada para que o conhecimento próprio se estabeleça, pois ainda segundo o autor, o conhecimento bem feito promove a emancipação das pessoas.
A educação pela pesquisa exige uma articulação entre o Princípio Científico e o Princípio Educativo. O primeiro contribuindo na construção do conhecimento através das possibilidades que a metodologia científica oferece quanto à organização e sistematização do trabalho desenvolvido, bem como da utilização de diferentes métodos e técnicas que sejam adequados aos diferentes contextos das aprendizagens; o segundo valorizando o processo formativo da aprendizagem enquanto formação do saber pensar e no desenvolvimento de uma autonomia intelectual no aluno.E ainda,o processo de ensino-aprendizado pela pesquisa além de democratizar a busca do conhecimento e da aprendizagem,pois oferece essa ferramenta metodológica de busca sistematizada,não encerra em si, os limites de até onde os alunos possam ir para resolverem as questões levantas,conhecer a verdade ou não daquilo que dantes não se tinha certeza.Ou levantar mais dúvidas e problemas que os levem a serem pesquisadores de futuros brilhantes como existem muitos por ai.
Segundo Demo (2009) “Não se pesquisa para terminar a discussão, mas para a fazer continuar com argumentos cada vez mais burilados e pertinentes. Nisto vai aparecendo o lado formativo, pedagógico da pesquisa.” Tratando-se de construir o conhecimento em todos os níveis de educação, as referências empíricas são importantes, nas palavras do autor “para imprimir um sabor de terra às análises”, incluindo aí o conhecimento prévio dos alunos, do qual devem partir os questionamentos, as curiosidades, as descobertas. O autor ressalta que nessa construção devem ser incluídos cuidados qualitativos, uma vez que os dados são os construtores teóricos numa representação de um modo de interpretar e reconstruir a realidade.
O ato de pesquisar deve estar presente no processo educativo e utilizado sempre como forma de otimizar as aulas, pois somente assim o professor estará habilitado e capacitado a produzir o conhecimento em seus alunos. Com a prática frequente de se pesquisar que formaremos os alunos que necessitamos em nossas salas de aula, mas cuidando sempre a cientificidade do processo, como fala Demo (2005): "Estamos advogando, pois, que o envolvimento do pesquisador poderia ser fator fundamental para trabalhar a cientificidade do processo, desde que não percamos de vista o compromisso com a objetivação. Queremos dizer pelo menos duas coisas com isso: *é fundamental buscar captar a realidade da maneira mais honesta possível, deixando-a falar mais alto que nossas expectativas, ideologias e manias; isso, ao final das contas, é impraticável, mas a "verdade" do fenômeno deve ser mantida sempre como utopia negativa; *o processo de pesquisa deve ser conduzido sempre de tal modo que possa ser refeito por quem duvide ou queira retestar, permitindo procedimentos de controle inter-subjetivo". Demo (2005, pg.163)
A prática em sala de aula traz novos desafios para o professor, na articulação de atividades individuais e coletivas, no gerenciamento dos conflitos e promovendo uma prática de aprendizagem colaborativa. A troca entre os pares favorece o aprendizado, pois, muitas vezes, alunos entre si aprendem mais e melhor e com relação a pesquisa, desde que o professor tenha seus objetivos claros sabendo como direciona-los, pois os alunos precisam saber o que e como pesquisar. É neste sentido que o planejamento é muito importante, sem o planejamento o professor corre o risco de não atingir os seus objetivos.
A pesquisa é muito importante tanto para o professor como para o aluno, devido ao processo de ensino-aprendizagem e que de forma mais investigativa, envolvem os alunos no processo de construção e de dar maior significado ao conhecimento. Cabe ao professor pesquisador planejamento e de também proporcionar ações para que aconteça o real desenvolvimento do conhecimento de maneira construtiva, pois assim, estas ações irão enfocar o ambiente da pesquisa e do educador, também não esquecendo de que a experiência e a bagagem que o aluno traz têm de ser valorizada, explorada e respeitada, sempre, sendo que dessa forma cada um, educador e educando, desenvolverá o seu potencial integral.
Esse educador, contribuirá para o verdadeiro aprendizado de seus alunos , se primeiro colocar-se na condição de desconstruir e reconstruir, comparando as leituras com sua prática, avaliando se seu aluno realmente desenvolveu a habilidade esperada em seu planejamento após cada aula. Nesse processo dinâmico,o educador vai edificando seu fazer com novas formas de aprender e ensinar e o aluno vai construindo sua autonomia por meio das descobertas de forma desafiadora e prazerosa. E como isso surge a aprendizagem significativa, que tem um verdadeiro valor para os alunos.
Um dos desafios que nossa educação enfrenta, mais precisamente do professor, é ter o perfil de pesquisador, pois sem ter essa característica, fica difícil desenvolver em suas aulas o instinto investigativo de seus alunos. Tanto que Demo (2009) coloca que “Produzir conhecimento com autonomia é o fundamento primeiro do docente, razão pela qual docência começa pela pesquisa”. Assim, antes de ser professor, temos que ser pesquisador, questionador daquilo que estamos ensinando para nossos alunos.
Se não houver qualidade e sentido no planejamento da pesquisa, a própria pesquisa em si não tem valor pedagógico como objeto de aprendizagem autônoma e colaborativa. Muitos professores fazem trabalhos escolares em que dizem estar fazendo pesquisa com seus alunos, quando na verdade não há, naquele instante, uma pesquisa de fato, apenas busca aleatória de informações (dados) na Internet. Isso gera no professor uma falsa impressão que é sentida como a forma de um "consolo", DEMO (2011). Mas isso só irá acontecer, volto a dizer, se não houver um planejamento coeso e consistente do assunto, direcionando-o à pesquisa.
A pesquisa deve ser um instrumento na construção do conhecimento do aluno, mas faz-se necessário que o professor relacione o tema da pesquisa com o conteúdo contribuindo assim para a formação do aluno autônomo.
A Educação pela Pesquisa envolve, de certa forma, um nível de autonomia necessária ao processo de pesquisar. O objeto de pesquisa deve estar evidente neste processo, principalmente quando mediamos este, em sala de aula, pois os alunos estão constantemente ativos nesta condição em seu cotidiano. As informações que fazem parte de sua vida diária são praticamente bombardeadas à sua forma de viver, sejam através da televisão ou pelo simples fato de utilizar um meio de transporte informatizado, como cartões digitais. Dessa forma, a pesquisa informal ocorre, quando este mesmo aluno necessita de conhecimento para utilizar seu celular, com multifunções, etc. Evidente que falamos de um contexto empírico, pois a pesquisa como estratégia de contrução de conhecimento, necessita de critérios pré estabelecidos, para que obtenha êxito.
Apesar de a pesquisa ser uma linguagem bastante complexa de aprendizagem, ela se justifica na educação porque é um meio eficiente de construção de conhecimentos. Primeiramente, porque parte do princípio de que o aluno está disposto a investigar, saber mais sobre algo que o inquiete. Segundo, porque é um ato em que ele não é um sujeito passivo, ouvinte, pelo contrário, ele é o sujeito principal desta ação, o resultado da pesquisa será decidido pelas decisões que ele tomar. Outro fator que faz da pesquisa uma ferramenta de aprendizagem eficiente, é a incerteza do ato, pois o aluno pode, ou não, comprovar sua ideia primeira. Pode ser que ao se deparar com o material de pesquisa mude completamente os rumos pensados inicialmente.
Sendo assim, além de construir os conhecimentos previstos nos conteúdos curriculares, os alunos aprendem a agir como sujeitos integrantes da sociedade,adquirindo a fundamentação necessária para a argumentação, haja vista que ao lidar com várias informações e transformá-las em aprendizagem, o aluno faz uso de sua politicidade, o que significa dar um passo à frente rumo à autonomia.
Principios educativos da pesquisa
É necessário reconhecer a pesquisa não só como princípio científico, mas também como princípio educativo que pode ser considerado como a alma a competência inovadora moderna. Pesquisar é humanizar o processo com o melhor empenho e compromisso. (Demo, 2005).
A pesquisa desvela um espaço de abertura que a aula, em geral, não conhece, nem aprecia.(Demo, 2009).
A pesquisa quando trabalhada em sala de aula pode se tornar uma grande aliada ao processo de ensino/aprendizagem, pois ela desperta a construção do conhecimento do aluno para uma formação crítica e inovadora.
E segundo DEMO(2009) para rumarmos na direção do professor/pesquisador é fundamental que tenhamos os devidos apoios. Precisamos estudar sempre, profissionalmente(LANKSHEAR & KNOBEL, 2004).Talvez tenhamos que aprender algo que muito ironicamente, ainda não sabemos: estudar(DEMO,2008 A). Então devemos entender que estudar é também pesquisar. Donde devemos pesquisar.
Como foi mencionado, pesquisar é mais do que explorar algo desconhecido. É compreendê-lo além dos sentidos. Se nos valessemos apenas do que vemos, nunca chegaríamos à conclusão acertada de que a Terra gira em torno do Sol e não o contrário. E, embora a visão colossal do Sol nascendo e se pondo tenha inquietado o homem imemorialmente, a compreensão deste fenônemo é resultado de centenas de hipóteses equívocadas e somente uma certa. Uma saga que percorreu séculos confirmando e refutando a percepção dos sentidos e da religião e ciências de diferentes épocas.
A pesquisa é uma atividade natural do ser humana, mas não pode ser gratuita. Uma vez que é um interesse legítimo do pesquisador, que pode ser estimulada por terceiros ou por um evento significativo. Desta forma, o ato de pesquisar é inerente, estimulado e, para ser produtivo - vamos considerar este produtivo como a comprovação das hipóteses formuladas - necessita de etapas e critérios variáveis. Nâo é possível aplicá-los indistintamente. Logo, não é qualquer ato de ir em busca de algo desconhecido quer seja através de livros,tecnologias ou outros meios, que pode ser considerado pesquisa em si, pois pesquisa requer método, sistematização. Mesmo porque, a pesquisa, além de ser instrumento de compreensão da realidade e construção do novo conhecimento, é também uma forma de desenvolver a autonomia, o poder de decisão e de contestação que faz com que o sujeito, passe da condição de manipulado para a condição de atuante e participante na transformação desta sociedade tão marcada por desigualdades sociais. Segundo Demo (2005), dificilmente haveríamos de desconhecer que o conhecimento científico é um dos fenômenos políticos mais contundentes e marcantes da sociedade, no sentido de que, com ele, estamos cada vez mais "fazendo" nossa história, em vez de apenas sermos conduzidos externamente por ela.Vejo nessa afirmação do prof.Pedro Demo,a justa oportunidade de o sujeito não passar por essa vida e sair dela como mero expectador-coadjuvante, dessa história que está posta, seja ela em qual seguimento e dialética for,sem deixar sua marca, seu registro,sua impressão, seu ponto de vista, na construção daquilo que foi produzindo a partir da sua existência e inserção nessa sociedade.
Ainda Segundo Demo, 2009, "Não se pesquisa para terminar a discussão, mas para fazer continuar com argumentos cada vez mais burilados e pertinentes", assim nesse entendimento, possibilita-se professores e alunos formarem seu lado critico e interpretativo do conhecimento, é nesse sentido que se tem a necessidade de estudar os princípios educativos da pesquisa.
De acordo com Michaliszyn e Tomasini (2005), a pesquisa bibliográfica objetiva explicar um problema a partir de referenciais teóricos: livros, artigos científicos, documentos, etc. Trata-se de uma leitura atenta e sistemática que se faz acompanhar de anotações e fichamentos que, eventualmente, norteará todo o trabalho. Ela dá suporte a todas as fases de qualquer tipo de pesquisa, pois, possibilita ao pesquisador fonte de consulta para a fundamentação teórica do estudo. Metodologicamente, a pesquisa teve duas etapas sendo elas: realizado uma pesquisa bibliográfica, junto a autores que investigam a temática do trabalho, onde Demo (1996) é uma referência, em segundo lugar sendo realizado uma elaboração de sínteses sobre o assunto proposto. A intenção foi realizar uma ponte entre a pesquisa e a educação.
Portanto, a busca e construção do conhecimento através da pesquisa, nos traz para alunos com questionamento crítico, definindo-os em uma metodologia necessária ao processo de ensino-aprendizagem.
No âmbito escolar, a pesquisa deve fazer parte em todo o seu contexto, pois esta é importante tanto para o professor como para o aluno, por causa do processo ensino aprendizagem, podendo ser desenvolvida de forma mais investigativa, oportunizando o envolvimento dos sujeitos no processo de construção e ressignificação do conhecimento, para daí podermos obter a construção de um saber significativo. Insistir em uma forma de trabalho em que o aluno apenas copie e nada produza, trará, a longo prazo (nem tão longo assim) prejuízos a ele como cidadão, pois não saberá analisar as informações que lhe são apresentadas e por conseqüência, não conseguirá tomar decisões coerentes e consistentes.
Ao oportunizar a pesquisa como método investigativo, o aluno se emancipa, se torna crítico e participativo, uma vez que seu percurso é construído individualmente, capaz de intervir na realidade que o cerca. Para Moraes (2002): "Educar pela pesquisa começa por perguntas, produzidas no contexto da sala de aula, com envolvimento ativo de todos os participantes. Sendo produzidos pelos envolvidos, as perguntas têm necessariamente significado. Partem dos conhecimentos que os alunos e professores já trazem de sua vivência anterior e da realidade em que vivem. Tem a finalidade de fazer avançar os conhecimentos que os sujeitos da sala de aula já trazem, tornando-os mais complexos e conscientes".
Infelizmente, muitos educadores primam pela pesquisa em seus conteúdos, sem antes ao menos trabalhar a metodologia da pesquisa junto a seus educandos. Isso aparenta ser uma situação antagônica, pois o objetivo da pesquisa é gerar autonomia junto a seus educandos, mas eles também precisam ser ensinados a terem autonomia, caso contrário ficarão perdidos, a esmo, num universo de informações conexas e desconexas no mundo digital. Muito se confundi em ter acesso a informações diversas, a usá-las objetivando a construção do conhecimento. Pesquisa, apenas para obter informações e conteúdos, muito difere de refletir e investigar sobre algo, questionar, procurar soluções para os devidos problemas.
O que faz da aprendizagem algo criativo é a pesquisa, porque a submete ao teste, à duvida, ao desafio, desfazendo tendência reprodutiva. Professor é aquele que ensina, baseado em seus conhecimentos adquiridos com pesquisas, e não somente com graduação. Se a pesquisa é a razão do ensino, o ensino é a razão da pesquisa. Reduzir o ensino à aula é reduzir a aprendizagem ao escutar. É necessário motivar o aluno a pesquisar, no sentido de fazer o seu próprio questionamento, para chegar à elaboração própria.
Pensando nesse desafio de educar pela pesquisa, faz-se necessário uma educação que contemple a teoria e a prática voltando-se para a construção e (re) construção de conhecimentos que vai além da instrução. Já que a educação muitos vezes é centrada no mero repasse de conteúdos, prática essa que não atende mais as necessidades do mundo atual.
Com isso, podemos visualizar os dois lados da pesquisa: formativo e político. Segundo Demo (2009), "Entende-se por qualidade formal a perícia metodológica implicada na construção do conhecimento (...)", saber delinear os meios e caminhos necessários para se produzir uma pesquisa de qualidade. O uso adequado desta, implica na qualidade política, já que o sujeito se apropria destes conhecimentos possibilitando sua formação permanente, podendo assim, ser capaz de construir sua própria história na busca da transformação da sociedade.
A intenção da educação pela pesquisa é a construção constante de conhecimentos, que se renovam sempre. É a promoção de ambientes abertos que possibilitam o confronto de ideias entre alunos e objeto de pesquisa. Objetiva além de tudo, a formação de alunos competentes no ato de pesquisar. Pois por ser um ato complexo, o pesquisador precisa desenvolver competências técnicas para que não se perca neste processo. O aluno pesquisador entende que o conhecimento que detêm não é o fim, mas sim o ponto de partida para outros.
Contexto escolar e a pesquisa
Quando o ser humano é ensinado, uma situação cotidiana ou futura é simulada de forma segura. Desde os tempos primitivos, o "ensinar" é uma preparação rudimentar para uma sitiação real. Nossos ancestrais ensinavam seus filhos a caçar e a cultivar o solo antes da fome se abater sobre eles. Do contrário, seria tarde demais. De modo simplista, a escola continua similando e antecipando situações futuras. Assim, aprendemos a ler antes que isto seja imprescindível para nossa vida social e profissional. Obviamente, nem tudo que o que aprendemos tem aplicação tão imediata e constante como ler e escrever. Porém, compõe de modo instrínseco a longa história do pensamento e do conhecimento humano, sendo inadmissível neglingenciá-lo em nome de uma funcionalidade pontual. Por esse motivo a escola deve seguir os cuidados propedêuticos (iniciais, introdutórios relativos ao Ens. Fundamental)
• Saber pensar: estimular o aluno ao raciocínio
• Aprender a aprender: pela teoria e pela prática
• Saber avaliar-se a avaliar a realidade com consciência crítica
• Ética: não usar treinamento
• Estimular o discurso fundamentado
• Exigir que o processo seja bem feito
• Estimular o uso da lógica para formulação e argumentações
• Reconhecer a capacidade do outro
• Tomar atitude investigativa no dia a dia
pesquisa exige um olhar apurado que ultrapassa aparência, a escola precisa ir além das necessidades diárias e dos modismos. Estimular a pesquisa e dar subsídios para que ela ocorra de forma espontânea ou dirigida é fundamental para escola cumprir seu papel e assegurar e respeitar a diversidade de interesses dos alunos, que se torna cada vez mais plural com a popularização das tecnologias de comunicação.O que não é fácil de ser administrada pela escola,uma vez que no contexto em que ela se encontra inserida, falta lhe estrutura física, financeira e mão de obra especializada para que se possa oferecer ao educando um campo de pesquisa adequado onde ele possa exercer seu direito de buscar e construir o seu próprio saber.O saber aprender a aprender.
Na produção de conhecimento é uma das formas de elucidação da realidade, de dar respostas sistematizadas às problemáticas surgidas no mundo das necessidades históricas da humanidade e racionalizadas por meio de indagações, questões e perguntas. A elaboração destas respostas são moldadas por meio de uma relação lógica com esse mundo da necessidade historicamente determinada, que dependem de condições de desenvolvimento de forças produtivas e dos interesses predominantes nos diversos estágios das formações sociais (DEMO, 1994).
Neste sentido, compartilhamos a idéia defendida por Habermas (1982, p. 107), ao ressaltar que,
(...) pesquisar é uma atividade que corresponde a um desejo de produzir saber, conhecimento [...]. Conhecer não é descobrir algo que existe de uma determinada forma em um determinado lugar do real. Conhecer é descrever, nomear, relatar, desde uma posição que é temporal, espacial e hierárquica. O que chamamos de realidade é resultado desse processo.
Para Demo (1991), a pesquisa é um princípio educativo, sendo uma maneira de saber fazer e refazer o conhecimento. O questionamento deve nortear esta prática, por meio desta, o indivíduo contesta, duvida e conseqüentemente investiga os fenômenos da realidade, adquirindo assim o despertar do espírito intelectual de forma autônoma. Assim, fica muito claro a necessidade de se estimular a pesquisa no âmbito escolar, pois a mesma é a grande responsável por novas descobertas e possibilita além do conhecimento curricular a possibilidade de conhecer as mais diversas fontes e meios de se pesquisar.
Através da pesquisa o aluno tem a possibilidade de fazer a sua história, de descobrir um mundo de aprendizagem diferente, criar, descobrir e redescobrir. O professor tem a incumbência de gerenciar e orientar os seus alunos através da pesquisa na busca de informações necessárias ao seu aprendizado.Mas nunca pode esquecer que o seu papel é de mediador, facilitador e não transmissor de informações.
Para construir a sua autonomia na forma de ensinar e aprender, o educador precisa ter sua prática sustentada na pesquisa e na reflexão criando o hábito de boas leituras que possam auxiliá-lo na descoberta de novos caminhos que direcionem o aluno na construção do conhecimento. Aos poucos esse profissional vai se desvinculando daquela velha forma tradicional e ultrapassada de "dar aula" impregnada por sua formação acadêmica, dando lugar à aulas questionadoras argumentativas que promovam a desconstrução e a reconstrução, não só de seu alunado mas da forma de conduzir suas aulas. Contudo, nenhum tipo de pesquisa é auto-suficiente, inclusive, na prática, sendo assim," tudo é ideologia, e carecem de fundamento teórico e metodológico para ser concreta".(Demo, 1995)
Nesse aspecto, podemos fazer a seguinte colocação: todo e qualquer conteúdo a ser trabalhado com os alunos, pode ser direcionado para o lado da pesquisa, isto só depende do professor que tenha a característica de questionador, pois tanto aluno quanto professor deve buscar questionar aquilo que é repassado para si pronto acabado, já que, nada está pronto e acabado, de acordo com nosso instinto crítico, podemos buscar outras explicações, e nesse momento estamos transformando o processo ensino aprendizagem em algo significativo para nós e mutável conforme nossa aceitação e descobertas de novas respostas.
No contexto escolar, proporcionar momentos de pesquisa favorece o raciocínio e a interação direta entre diferentes ambientes, sejam eles virtuais, reais ou fantasiados. O aluno será orientado a observar o mundo que o cerca e avaliar o que isso ou aquilo pode interferir em sua vida, em sua rotina, em seus afazes e aprendizado.
Sendo assim, aos poucos o cenário atual na educação se modifica e outras abordagens de ensino se configuram.Para tanto e preciso que o professor tenha clareza de sua atuação primeira como pesquisador contínuo em sua formação e de de sua função como mediador do conhecimento construído coletivamente em discussões, participação de todos e interação de conteúdos. A pesquisa desafia o velho e modifica cenários uma vez que propicia descobertas, autonomia e liberdade de expressão.
E uma boa e consistente pesquisa, demanda estudo prévio do assunto por parte do professor, pois se a pesquisa não ocorrer de forma correta e concreta, não acontecerá a construção do conhecimento por parte dos "pesquisadores". Dessa forma a aula planejada com pesquisa não terá sentido e os educandos "pesquisadores" ficarão a esmo e não conseguirão buscar as informações necessárias para a aprendizagem daquele assunto.
Daí a importância da metodologia científica, ela praticamente norteará a pesquisa seja simples ou avançada, pois não importa o assunto em questão, o aluno deve seguir procedimentos certos e organizados, para ao final de sua pesquisa alcançar os objetivos almejados.
Partindo do princípio de que a pesquisa precisa de um "rigor metodológico"(Demo, 1995; 2000) e que a criança também vai a escola para construir conhecimento, ainda que a seu modo, em sua idade (Demo, 2005)o uso desta ferramenta de aprendizagem se faz necessário no ambiente escola. E neste contexto, o professor precisa compreender e orientar seus alunos a organizar sua metodologia de pesquisa para fazer da escola um espaço de construção constante de conhecimentos.
Entendo que o professor no contexto escolar partindo da sua própria apropriação,para que possa analisar e interpretar as teorias científicas, buscando assim um novo caminho para conduzir novos conhecimento e compreensões sobre o aspectos individual e social dão determinantes na constituição do aluno e no desenvolvimento de ações pedagógicas na escola.
Portanto, a "Primeira condição da docência é autoria" (DEMO, 2009). Para ensimar a autonomia na construção de conhecimentos o professor precisa ser autor de sua própria prática. Não necessáriamente que ele elabore uma nova teoria, mas que ele saiba produzir conhecimentos a partir de sua vivencia em sala de aula embasados nas teorias de aprendizagem. A docencia atual ainda é resultado do instrucionismo clássico e isso dificulta a aprendizagem autônoma por parte dos alunos.
Planejamento e avaliação
Tudo o que fazemos na vida, para que haja resultados previstos e positivos, requer organização,avaliação e planejamentos prévios.E no âmbito da educação não poderia ser diferente.
A escola planeja suas ações, estabelece suas avaliações e têm suas expectativas sobre o trabalho que realiza. No campo da pesquisa também é necessário planejá-lo, embora não seja possível prever seu resultado com exatidão. E nem é fundamental. Como a pesquisa é uma atividade lúdica e pedagógica em si mesma, a aprendizagem já acontece em seu processo. Evidentemente, um resultado que soluciona a dúvida inicial é desejável. Mas é importante ressaltar que nunca é um resultado defintivo ou inquestionável. O conhecimento humano é mais feito de tentativas do que de acertos. E a escola deve lembrar disto. Desta forma deve-se considerar os erros dos alunos, pois com o erro é possível descobrir alternativas e formas para que não haja mais equivocos e os acertos apareçam. Os alunos precisam analisar, verificar seus erros para encontrar as respostas corretas.
O planejamento educacional para Menegola e Sant’Anna (2001, p. 25):
Planejar o processo educativo é planejar o indefinido, porque educação não é o processo, cujos resultados podem ser totalmente prédefinidos, determinados ou pré-escolhidos, como se fossem produtos de correntes de uma ação puramente mecânica e impensável.
O educador deve levar em conta sociedade em pleno desenvolvimento, o conhecimento prévio do aluno para que possa inserir o conteúdo a ser aprendido. Para pensar no ensino aprendizagem na sociedade em pleno desenvolvimento, será necessário que o professor assuma a postura aberta às mudanças. Isso inclui observar e analisar seu planejamento, pois ele precisa a todo momento se questionar que aluno pretende formar, e com isso estabelecer objetivos claros e possíveis de serem alcançados. Ao estabelecer ações, elas precisam ser coerentes com esses objetivos, nunca deixando de lado o papel do aluno, pois é ele o foco de todo esse processo. O professor deve estar em constante movimento de aprendizado para que possa executar as ações previstas no planejamento, lembrando que é possível, e muitas vezes se faz necessário, fazer adequações de acordo com os resultados obtidos no decorrer da prática.
Devemos, pois, planejar a ação educativa para o homem não impondo-lhe diretrizes que o alheiem. Permitindo, com isso, que a educação, ajude o homem a ser criador de sua história. A metodologia do planejamento escolar enquadra-se no cenário da educação como uma tarefa docente que inclui tanto a previsão das atividades didáticas em termos da sua organização e coordenação em face dos objetivos propostos; quanto a sua previsão e adequação no decorrer do processo de ensino.
Assim, quando se planeja de forma educacional, busca-se o sucesso no processo, pois tudo que foi planejamento depois deve ser analisado e avaliado em seus resultados positivos e negativos, buscando assim sempre no próximo planejamento uma melhora e realizando as mudanças necessárias para a melhora do processo educativo.
Avaliar é levar em conta um processo maior do que o resultado de uma prova ou de uma atividade escolar."Avaliar é muito mais do que notificar é dar sentido ao conhecimento construído e adquirido ".(Delziene Perdoncini, 2011). Avaliar dentro do método de pesquisa é preciso conhecer e ter clareza da metodologia aplicada para atingir os fins propostos,dos recursos disponibilizados(humanos,físicos e financeiros)e do processo de aplicabilidade como um todo.Isso porque, quem avalia precisa levar em conta não só os avanços em termos positivos,mas também os pontos negativos, a fim de que possa haver novo direcionamento,novas estratégias e novas descobertas e, por último, novos conceitos.
Ao avaliar deve-se levar em consideração o percurso do aluno, seu universo particular, sua vivência e seu tempo, e principalmente diagnosticar os resultados e avanços alcançados. Desta forma, o educador compreende sua forma de atuação e o aprendizado obtido.Para Luis 92003):"E necessário, portanto, uma avaliação que não se exima de seu papel questionador e investigativo, uma avaliação que responda amplamente às necessidades e aos diversos momentos do processo de ensinar e aprender, do aprender a ensinar e do ensinar aprender".LUIZ (2003).
Apesar de todas as mudanças que vem ocorrendo na educação, no novo perfil de alunos que nos deparamos a avaliação escolar ainda é percebida de maneira “quantitativa”. E ao avaliar os resultados do ensino-aprendizagem, procuramos avaliar a qualidade do nosso plano, a nossa eficiência como professor (e quem sabe pesquisador) e a eficiência do sistema escolar.
O ato de planejar faz parte da realidade humana, então não podemos deixar de planejar nossas ações para que o trabalho educativo seja organizado da melhor forma possível, rendendo resultados positivos dentro da proposta que foi estabelecida. Porém, este trabalho não pode se restringir apenas em aulas expositivas, ou mesmo discussões que não vão levar a um consenso na turma, sem um amparo teórico. Assim, é imprescindível organizar um planejamento que contemple a ação investigativa dos alunos, em que estes buscam respostas além daquelas que a situação-problema nos dá, questionando sobre a verdade ou a mentira sob aquele assunto, resposta e, ao mesmo tempo sistematizar uma avaliação que esteja a contento daquilo que queremos desenvolver em nossos alunos, que é o senso investigativo.
O planejamento é necessário pois norteiam nossas ações, porém é também flexível, uma vez que no ambiente de estudo, o aluno têm concepções diferentes e a abordagem pode desencadear outras ações imprevistas. Porém, o planejamento norteia a ação do educador e do educando e quando os conteúdos abordados são legitimados em pesquisas fundamentadas, encontrará ação transformadora para os objetivos a serem alcançados.
A avaliação no planejamento é tão importante quanto a própria pesquisa em si, pois o foco principal da pesquisa não é apenas a geração de conhecimento, mas sim a aprendizagem autônoma e coletiva dos alunos. O aluno é foco principal da metodologia da pesquisa. Ele é o nosso objeto a ser moldado e orientado. Por isso a avaliação deve ser feita em cima da evolução do educando enquanto pesquisador autônomo. Deve ser levado em conta seus progressos e seu conhecimento adquirido através da pesquisa.
Se tivermos os objetivos bem devidos, poderemos avaliar de forma coesa. Lembrando que a avaliação servirá para verificar se o que foi planejado foi realmente executado. Com relação a pesquisa, precisamos observar se de fato o aluno soube, durante o processo, analisar e selecionar as informações encontradas, transformando-as em conhecimento. O que realmente aprendemos, levamos para o resto da vida. Porém, se percebermos que os objetivos não foram alcançado, é o momento de refletir se teremos que mudar o planejamento, reformulá-lo ou mantê-lo.
Nesse processo de planejar e avaliar, os objetivos sobre a prática devem estar bem claros e quais cominhos serão percorridos desenvolvendo procedimentos a serem construídos tanto pelo aluno quanto pelo professor.
Sobretudo, tanto o ato de planejar quanto o de avaliar requer uma investigação por parte do professor no que diz respeito aos objetivos a serem alcançados, as dinâmicas a serem utilizadas para a construção do conhecimento e atreladas à isto, as formas de avaliar. Se projetamos em nossos alunos serem autônomos com criticidade precisamos fomentar a politicidade e garantir que esta habilidade seja contemplana nas formas de avaliação.
Assim como em qualquer ato pedagógico, a realização de uma atividade de pesquisa precisa te uma intencionalidade, ou seja, precisa ser pensada e planejada para que se tenha uma projeção bem detalhada e clara. Além, disso os resultados precisam ser monitorados de perto e os resultados de cada etapa tem der ser registrados e analisados. Tudo isso servirá para que ao final do trabalho de pesquisa, todo e qualquer avanço seja detectado e considerado um conhecimento adquirido, construído.
Ao invés de prova, a forma mais conveniente de avaliar é incentivar a produção cientifica em ambiente próprio, com liberdade acadêmica, na qual o estudante possa encarar o desafio de crescer por si. Neste sentido o professor terá que ler mais material produtivo pelos alunos, esta disponível para consulta e discussão, para eliminação de duvidas que possam vir aos alunos no processo da pesquisa própria. Isso significa mais esforço e dedicação, mas faz parte da função de motiva novos mestres.
Considerações
A pesquisa é um processo de descobertas e que revela o mais íntimo do pesquisador. Ninguém pesquisa algo que não lhe desperte interesse. Na escola, as pesquisas são pontuais e complementares ao conteúdo ensinado em sala de aula. Normalmente, é um levantamento bibliográfico do tema na biblioteca escolar e na internet. Ocorre que ambos são fontes imediatas de pesquisa. Sobretudo na internet, onde o Google elenca no topo da página os links mais visitados e, automaticamente, indica-os para novas pesquisas. O resultado deste levantamento costuma ser registrado manualmente e entregue aos professores, que corrigem e devolvem com suas considerações e com a nota obtida. Raramente, os alunos são convidados a expôr o resultado de suas pesquisas. Até mesmo porque, pesquisando os mesmos assuntos nas mesmas fontes, produzem textos muito similares quando não, idênticos.
A pesquisa é a transformação do conhecimento, é buscar parcerias, é buscar ampliar novos horizontes para a vida de quem busca aprender e reaprender. A pesquisa deve ser assumida como uma atitude processual cotidiana, inerente a toda prática que deseja de fato modernizar-se e aperfeiçoar-se, pois quem assume atitude de pesquisa está em constante estado de preparação para a mudança da realidade na qual se insere principalmente a educação.Sendo assim,privar o indivíduo do direito de se relacionar com o conhecimento através da busca pela pesquisa, é castrá-lo do direito da descoberta das verdades ou inverdades que permeiam as coisas obscuras e as interrogações(problemas) de um modo geral desse universo habitável ou não.
Ao usar a pesquisa no contexto escolar, precisamos, enquanto educadores, refletir sobre que tipo de aluno queremos ter e formar.
Que cidadão ele quer que seu aluno seja? Um indivíduo subserviente, dócil, cumpridor de ordens sem questionar o significado das mesmas, ou um indivíduo pensante, crítico, operativo que, perante cada nova encruzilhada prática ou teórica, pára e reflete, perguntando-se pelo significado de suas ações futuras e, progressivamente, das ações do coletivo onde ele se insere? (BECKER, 2001, p. 32)
Se usamos a pesquisa apenas para complementar conteúdos escolares, formaremos sujeitos que não sabem questionar. Porém, se objetivarmos formar cidadãos ativos, pensantes, reflexivos, que sabem avaliar as situações a sua volta, usaremos a pesquisa em busca de aprender e apreender, construindo de fato, conhecimento. Assim, criaremos sujeitos ativos, pensantes, críticos, que buscam seus conhecimentos, adquirindo aprendizagem significativa, tornando-se aprendizes autônomos.
No entender de Demo (1991), ao deter a pesquisa como princípio educativo, o indivíduo possuirá base sólida em um contexto emancipatório, pois, a pesquisa permite o movimento de constituição e de desconstituição da totalidade social, numa teia de relações que conduzem à apreensão das múltiplas dimensões do real. Na produção do conhecimento motiva a criatividade e, deste modo, o sujeito toma em sua prática contornos próprios e desafiadores, a começar pelo reconhecimento de que o melhor saber é aquele que sabe superar-se.
A pesquisa além de ser um ato educativo, reflexivo e formativo, é considerada também, por muitos, um ato político. Portanto, ao dar enfoque na pesquisa como fonte de saber, temos uma questão importante para levar em consideração, que é a formação de grupos de estudos por parte de todos os professores envolvidos neste processo que é a educação.
O professor pesquisador adota um perfil de professor aprendiz, está sempre em busca de novos os recursos tecnológicos para utilizar em suas aulas comparando as teorias estudadas com sua prática. Ele suscita dúvidas, instiga seus alunos a buscar o novo conhecimento ao invés de dar respostas, é o tipo de professor que educa por meio da descoberta e promove a construção da autonomia dos seus alunos a cada aula. Ele é o grande elo, é o mediador, facilitador para que seus alunos alcancem o tanto desejado, almejado: construção do conhecimento de forma autônoma.
E tanto o professor quanto o aluno têm que ter a pesquisa como ferramenta de aprendizagem natural no processo educativo,um meio diferencial de conhecimento que não se esgota, mas que desencadeiam outras concepções e entendimentos uma vez que, podem ser desconstruídos e reconstruídos em aprendizados novos.
Pode-se dizer que não teremos alunos pesquisadores, se não tivermos primeiro desenvolvido o senso investigativo em nossos professores. Por isso, em um primeiro momento faz-se necessário um trabalho com os professores para que eles descubram que suas aulas devem ser direcionadas para a pesquisa, investigação de um determinado assunto, em que os alunos questione tal resultado ou resposta e procurem contestar o que já está definido, mas que pode ser modificado, depende apenas como o aluno irá encaminhar sua pesquisa.
Dessa forma, aos poucos, a educação está caminhando para a aprendizagem coletiva, autônoma e colaborativa. Mas nunca se esquecendo que a figura do professor como mero transmissor de informações está desaparecendo e dando lugar a uma nova figura, mais ativa e articuladora do conhecimento. Essa nova figura irá intermediar e orientar os futuros pesquisadores em sua nova empreitada na busca do conhecimento.
E um exemplo disso é a utilização da Wiki 2.0 para a construção de textos coletivos, recurso este, que devemos sempre utilizar.
Por sua vez olhar criticamente essa construção redirecionando as práticas quando o resultado desejado não for obtido. Nesse sentido o planejamento é de suma importância para a construção e reconstrução do conhecimento.E também deve-se observar, replanejar,levando em consideração os erros dos alunos.
Sendo o professor um eterno aprendiz, ele deve sempre buscar novos conhecimentos, garantindo aos alunos as possibilidades de aprendizagem com o uso de ferramentas mais modernas. Neste sentido, tanto as teorias abordadas quanto as tecnologias disponibilizadas devem facilitar a compreensão e apreensão da realidade. Talvez um dos grandes desafios em ser um professor pesquisador e deixar o exemplo aos seus alunos, pois o exemplo arrebata!
É preciso motivar o aluno a se tornar competente em termos de domínio de instrumentação científica, despertar a habilidade pessoal de formar em si a atitude de pesquisa, neste sentido de realização do currículo é sempre questão vital a relação aluno/professor, assim seria mais coerente no contexto de liberdade do aluno, um professor que tenha autoridade mais que não seja autoritária. O argumento de autoridade, todavia, torna-se tolerável quando ocupa espaço de autoridade do argumento, significando a respeitabilidade de um cientista obtida a peso de seu mérito acadêmico. Seguindo esse caminho, ver-se-ia que o aluno passaria a administrar seu tempo, uma vez que emerge liberdade acadêmica na escolha de temas, na organização da orientação e da prática, na elaboração própria
Analisando mais friamente o próprio processo de desenvolvimento deste texto colaborativo, podemos refletir sobre várias formas de pesquisa nele desenvolvido, já que pesquisa-se o conteúdo nos textos de leitura obrigatória, pesquisa-se o próprio texto que está em processo de construção e faz-se a maior pesquisa ao buscar a melhor forma de participar do texto "entrando" de forma coesa e coerente em algo construído com muitas mãos e pensamentos diferentes.
Ao colaborar na construção deste texto, recordei-me dos textos coletivos que os alunos fazem. Compreendi então a dificuldade que eles têm, até mesmo na questão tempo. Mas são construções complexas que realmente nos fazem desconstruir e reconstruir conceitos e conhecimentos. Nos tiram de uma aparente acomodação. Entendo também que é um caminho bem coerente com as leituras que fizemos, pois o professor precisa saber com propriedade as metodologias que propõem para que seus alunos aprendam. Em suma,o que se pode verificar durante esse processo de leitura e releitura, construção e desconstrução desse texto coletivo sobre o tema: "Pesquisa: uma atividade reflexiva e investigativa no processo educativo e formativo de professores e alunos",é que não importa se a pesquisa é classificada como quantitativa ou qualitativa, bibliográfica ou documental, primaria ou secundária,entre outras, mas sim a sua importância para dinamizar,ampliar, otimizar e justificar a busca do conhecimento sistematizado,mas também, livre, onde o sujeito envolvido no processo, sinta-se capaz de realizar suas próprias descobertas e chagar as suas próprias conclusões, ainda que sejam elas satisfatórias ou não. E faço minhas as palavras de um certo pensador que dizia" O homem morre aprendendo".
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